sexta-feira, 20 de maio de 2022

Contracorrente

Agora resta um acorde
Uma última lágrima escorre
Como natureza morta,
Dar bom dia a quem
Vai morrer de tarde.
Bater na porta de quem
Não mora lá mais.

De que vale perguntar 
Pelo caminho,
se todo lugar é comum?
Se ao menos rosas fossem,
As tais palavras de ordem
Trariam em sua correnteza
Sonhos que caem do céu?

Suor mancha a roupa
Sangue mancha a calçada
Uma voz meio pouca
Insiste em desafinar
Um choro descontente
Uma contracorrente
Para o meio do mar.