sexta-feira, 14 de março de 2014

desconector conectado

Acordei mais cedo,
para abrir os olhos,
e ouvir um megafone,
e tomar consciência:

Eu sou uma farsa
-a maior das fraudes-

As relações andam estreitas
como o sol anda perto de
plutão.

O maquinário está desatualizado.
A graxa das engrenagens
já secou há tempos.
Nunca vão funcionar
como antes.

Sou como um mosquito
viciado em veneno,
viciado em outras palavras.
Não vão matar,
talvez entorpeçam,
e tornem a luz das cidades
mais brilhantes do que a
iridescência binocular de minha alma.

Desconecto do seu interior
para desemborcar
uns versos como
se urinasse numa piscina,
ou como uma senhora que
lava a calçada,
a água nunca acaba?

As fontes pararam de
jorrar ha tempos.
nenhum tipo de formatação
vai me livrar de 
um anúncio per-verso como este:

O desconector foi conectado.



"deus ex machina" - BH - foto: Eduardo Guimarães

segunda-feira, 10 de março de 2014

Votos Sinceros

Sempre é bom ouvir 
uns votos sinceros,
os hipócritas, por exemplo.
A contar os tapinhas nas costas,
vou viver uns duzentos anos.
Tente imaginar o que eu digo
nessas palavras simples.

Alerta!

Sua vida acaba de ser invadida.
A ocupação pode durar
ao menos uns dez anos
antes de acabar num papel assinado.
E embora possas optar pela guerra.

Virá a fome,
As pestes virão.
Ficará roto o teu leito
antes de chegar aos
cinquenta anos.
Então sentarás na 
poltrona reclinável do papai
e assistirás ao noticiário das oito.
Mas não se preocupe,
Sempre haverá um asilo
de portas abertas.



Fatboy Slim - Weapon of Choice