sexta-feira, 27 de setembro de 2013

1900 e antigamente

quando o último
vendedor de
discos-de-vinil-ouvidos
deixou a cidade,
a democracia musical
se restringiu a smartphones,
e a incômodos
em transportes coletivos,
ruídos de motor,
mais as buzinas e
sirenes de ambulância.
o que não tinha
preço e valia
uns dez reais,
não toca mais
nos autofalantes.
reviro minhas gavetas
destruo meu refúgio
pra lá descobrir
que meus discos também
não chiam mais.
sem ruídos, nem estalos.
muito melhor
se a música falasse por si, 
que sem ela

putamerda...
não há sentidos...





Discos raros já ouvidos - Centro - BH
Foto: Eduardo Guimarães


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

http

encontros desprogramados
por computador,
a vida volta nas ondas,
nos ecos de cada bit,
entre os gigas e teras
de mensagens não recebidas,
sequer enviadas, carrego
hoje, sempre o olhar fixado
em monitores de um escritório,
ou quarto, ou terceiro?
ou segundo até um minuto
atrás seria tarde.
cada tecla batida
é um passo dado rumo
à desobrigação de saber
das cores, objetos,
as coisas e seus nomes,
ou o que cai na rede.
meu processador anda
enferrujado pelo tédio
de números não calculados
e palavras não digitadas.

Reiniciar qual sistema?
restaurar que padrão?
pressione qualquer
tecla pra continuar...



Vou procurar um provedor celestial... CS&NZ