domingo, 24 de julho de 2022

Nesta noite

Nesta noite não vieste
Foste ao mar
Por amar
Só o mar

Nesta noite não vieste
Postar o amar
Pelo mar
Somar

Nesta noite se viesse
Seria somar o meu
O seu amor
Só amar

terça-feira, 12 de julho de 2022

poema de cabeça pra baixo

Com a mão eu mesmo faço
Poema de cabeça para baixo.
Almoço, doce, artesanato.
Nem de tudo cê gosta
Quando lê um cardápio,

Sentar na sala das pessoas
Nas janelas de ver carros.
Em ar, em chão invento,
Nem tudo que é corpo cai.
Em água potável corrente,

Diga o peso em palavra
Poema, tapa na cara.
Verso, resto, rara rima
Quando se repara e apara
Grama, pelo, navalha,

De cabeça para cima
Poema eu mesmo faço,
Na maior tranquilidade.
Um pé ponho nas costas,
Chuto o balde das novidades.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Contracorrente

Agora resta um acorde
Uma última lágrima escorre
Como natureza morta,
Dar bom dia a quem
Vai morrer de tarde.
Bater na porta de quem
Não mora lá mais.

De que vale perguntar 
Pelo caminho,
se todo lugar é comum?
Se ao menos rosas fossem,
As tais palavras de ordem
Trariam em sua correnteza
Sonhos que caem do céu?

Suor mancha a roupa
Sangue mancha a calçada
Uma voz meio pouca
Insiste em desafinar
Um choro descontente
Uma contracorrente
Para o meio do mar.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Versos e versões

Chego a quase querer tudo.
Vou adiando as tentativas,
Buscando minha alma
Enquanto aguardo
Algumas horas de mim.
Não me deixe tentar a queda,
Não me deixe pra outra mão.

Vagalumes do meu quintal
Estrelam namoros com os astros,
Casam cenas nas minhas plantas,
Até certa quantidade de meios.

Acessos,
Assopros,
Assombros.

Se Deus soubesse
O que peso,
O que posso,
O que peço,
Onde piso,
Onde chego a precisar,
Me resguardaria
Pra renovar o bom ouvir.
Pra ouvir a fala dela.
Cada palavra sua
Canta minha esperança.

Guardar a baixa,
Me receber,
Me procurar,
Até que sua voz
Cante ao me atingir
Enquanto me conta
Em todos os cantos.

sábado, 5 de março de 2022

aceno

O oceano acena de longe.

Eu, meio quadro, meio busto
Faço gestos de papel
Origamis em folhas de flandres
Formas de nuvens feitas
Para céus de brigadeiro.

Encostado na ressaca das costas
Está feito o drama: termine agora!

Sentado no movimento 
Das praças
O sol 
Sorri distante
Parecendo sem graça.

O poema é derramado da ponte,
Protesta timidamente.
Nada mais belo:

Parou no meio da rua
Acabou atropelado
Pela viatura...