domingo, 8 de novembro de 2020

Inevitável

Inevitável
Seriam amenidades
Nesta hora sacra
Quando o tempo
Pede silêncio.
Onde o que faz
Barulho insiste
Em dormir,
Enquanto domina
A voragem por teu olhar
Cintilante de primavera
Ensolarada.

Então o tempo
Não vale.

Não houvessem
Tantos meios de
Inevitar a comunicação
Nos falaríamos e,
Nos calaríamos
Aqui, lá.
Em toda parte,
Metade.

Também o silêncio
Não vale.

Nas estradas de sonho
Durante a ditadura
Da inconsciência
Sem direção
Sem dimensão
Imagens mortas.
Fusão. Realidades tortas.
Ainda distantes
De verdade.

Assim então
Nem o sonho vale.

Recomenda-se
Certas distâncias, 
Mesmo que secretas
Da janela de ver o mundo
O céu no turno das estrelas
E se o coração bate distante,
E encontra por acaso
Um atalho que seja.

A distância
Passa a não valer.

E assim como
No caso da distância,
A memória,
O porvir,
O presente,
Fórmulas mágicas
Nada valem.

O que vale,
Acima de tudo:
Saber de astros.
Se cruzam,
Se encurvam,
Se escrevem
Apesar de tudo.

O que vale
É este chamado
Às nossas almas
Para a nova
Ordem de viver
Sem direito de 
Querer pensar.
Só viver
Vir eu
Virar você.
A velha, 
A nova idade.
Vaidade
Sem sobras.

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