sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

uma canção do sol e da chuva

E era sempre aquele gesto
mecânico como uma flor
Que se abre na hora extra
de estação já ida e já seca

Somente às vezes é que
suas curvas insinuavam
As curvas de um grande rio
que corta a cidade aos meios

E cortas as cortinas do céu
vertendo suaves notas frias
Deslizando no vazio suspenso
da atmosfera pesada e fértil,

Lembro que me acalmava a ira
de ser quem era, feto de areia
Feto mineral e águas e fôlegos
subindo, desmineralizado um
Só corpo, em suaves espirais
transparentes como lágrimas




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