terça-feira, 7 de julho de 2015

Satélite

Sozinho um satélite
Entre carbonos
E luxos espaciais
Vermelhas luzes
Violetas luzes.

Entre horóscopos
De figurinhas
Carimbadas
"Se quiser voar!
(...) Pro sol, identidade".

Fora esta a desordem.
Fora este o cartel
Mantido por
Leis gravitacionais.
Vagar no breu
Espalhando nuvens
De lixo trópico.

O Câncer
Jaz assim, frio
Nosso satélite.
Orbitando plasmas
Infinitas perdas de massa.
Gases múltiplos
Vindos do oceano,
Dentro da estrela
O brilho rotineiro
da supernova.

As ascensões: 
Saturno em Escorpião.
Urgente como costuma ser
abaixo do Equador.

Quantos meridianos
serão gastos até que
a cerca atinja a cintura?

De repente
tudo faz sentido:
Meteoritos,
Estrelas, cometas e
outras engarrafamentos
espaço-temporais.

Mais um salto
no hiperespaço,
Já vamos pra casa...

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Epílogo 1 - Perdas no caminho

Pior que perder um poema todo é
perder uma vida toda pra virar poeta
pra depois ver que perdeu toda
uma vida por ter virado poeta.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Anexo 2 - Inimizades

Ai, o poema é um dos meus inimigos, 
que me ungem a cabeça
com o que era poesia.

Como o amor que primeiro
em silencio dorme.
Como uma visita tardia
Que pede entrada em meus erros. 

Sou sujeito. Fui fabricado. Morri.
Enterrado todo metade,
toda hora que me torno
tudo o que consumido está
só me dão, dos dois,
a geleira azul da solidão
e a morna espera
pelas pombas.

Sou poeta, meus camaradas também o são.
Parte inofensiva do mundo.
Vamos lotar o sistema nervoso central.
Nem vou falar nos sentimentos deles.
Estamos aparados sem nenhuma discussão.
Porque, agora, vemos como máquinas.

E diretamente das máquinas
vem o segredo das palavras.
E lá estão: loucas.

O mais importante é
que todos nós estamos aí.

Na próxima deverá haver
uma versão completa
do que deu para contar.
Pelo menos vinte prestações
de puro sofrimento.

Estamos todos prontos
Você, eles, elas e eu.
Eu continuo sujeito e sou forte:
meu lado esquerdo fere.
...
Melhor se recompor.
Não há meio triste
De estar tanto melhor.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

noa boa

noa boa na beira da praia
aperta bem pra acolchoar
pra esticar na areia
e só ouvir o mar

o barulho do mar
como as pessoas
em dias de feira
vem comprar, vem comprar

de bobeira na beira do mar
testemunhando os maluco
surfar na crista de galo da crista da onda
brilhando o cristal de ponta em ponta

chega de ir direto ao ponto
o assunto é remendar...

Pra fechar, queria apenas
repassar a esse povo cansado
quatro poemas que conheço tão bem,
Eu sou o mar, soa o poema.

Noa boa na beira do mar
enrolo poemas pra engarrafar.

Aceita-o como ele é:
qualquer sensação muito natural
desde que seja uma charada.