quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

todo dia

Ele veio em todas as minhas viagens,
eu vi.
E ainda era como eu:
viciado em erros.
Nestas palavras de todos os dias,
em voz baixa.
Redefiniu o mundo todo em cores:
Quentes e frias.

E não é de se admirar que isto seja de se admirar.

Sol: imagem em pacote de cigarros
cai a chuva que verte 
gotas pesadas de suor e esperança
num copo com gelo.

Aqueles calos nas mãos traziam segredos,
corda, foice, revólver,
batidas em ponta de faca,
uma edição de perfume.

Li num jornal hoje de manhã
sobre quem ele era.
Mas como o amo,
e ele veio em todas as viagens que tenho feito,
eu vi.
Seguimos em frente,
sem que ninguém dissesse para onde ir,
nesse pedaço de infinito.

A terra à vista.



 

Fonte: google imagens



quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

daí que...

Por que no íntimo
prefere os dias escuros

...

E há em ti uma tal beleza
que não vale nada

...

Entre em outras sombras:
espalhe o porvir

...

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Bem-aventurados

Bem-aventurados os cegos, 
não vão ler este -sermão-? 
(não será lançado em braile).
 

Bem-aventurados os que nasceram, 
viveram e se nutriram 
para ficar esperando um táxi.
 

Bem-aventurados os caminhos 
de amores que terminam no fim. 
Amor, dessa vez foi demais...
 

Bem-aventurados os que se matam, 
mesmo não tendo sido tratados 
com pior dos vinhos...
 

Bem-aventurados os mensaleiros na cadeia, 
terão suas mensagens. 
Portanto, se está lendo isso, sinta-se abraçado
 

Bem-aventurados os que não tem certeza
pra que essas obras estão sendo construídas,
prédios, presídios e estádios.
 

Bem-aventurados os transitivos sem vírgulas, 
sem eco-femismos, flores, flores,
oh senhor das mais antigas formas de comunicação. 

Esta não soube amadurecer.



Pregador de muros - foto: eduardo guimaraes