sexta-feira, 3 de julho de 2015

Anexo 2 - Inimizades

Ai, o poema é um dos meus inimigos, 
que me ungem a cabeça
com o que era poesia.

Como o amor que primeiro
em silencio dorme.
Como uma visita tardia
Que pede entrada em meus erros. 

Sou sujeito. Fui fabricado. Morri.
Enterrado todo metade,
toda hora que me torno
tudo o que consumido está
só me dão, dos dois,
a geleira azul da solidão
e a morna espera
pelas pombas.

Sou poeta, meus camaradas também o são.
Parte inofensiva do mundo.
Vamos lotar o sistema nervoso central.
Nem vou falar nos sentimentos deles.
Estamos aparados sem nenhuma discussão.
Porque, agora, vemos como máquinas.

E diretamente das máquinas
vem o segredo das palavras.
E lá estão: loucas.

O mais importante é
que todos nós estamos aí.

Na próxima deverá haver
uma versão completa
do que deu para contar.
Pelo menos vinte prestações
de puro sofrimento.

Estamos todos prontos
Você, eles, elas e eu.
Eu continuo sujeito e sou forte:
meu lado esquerdo fere.
...
Melhor se recompor.
Não há meio triste
De estar tanto melhor.

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